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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O BAILE DOS BOMBEIROS (1967) - HORI, MA PANENKO


Os bombeiros voluntários de uma cidade do interior da Tchecoslováquia realizam seu baile anual. Eles resolvem homenagear o ex-chefe, que completa 86 anos e dá os primeiros sinais de senilidade. A comunidade inteira comparece ao evento, mas as boas intenções dos organizadores terminam dando lugar ao caos.


O baile dos bombeiros, de Milos Forman, foi banido "permanentemente e para sempre" pelo regime comunista da Tchecoslováquia em 1968, quando as tropas soviéticas avançaram para conter um levente popular. Dizia-se que o filme era um ataque velado ao sistema soviético e à sua burocracia, acusação que Forman prudentemente negou à época, mas com o qual hoje concorda feliz.


Alguns acham que o velho bombeiro representa os valores e tradições quase esquecidos dos anos anteriores à ocupação soviética. A cena clímax do filme poderia ser vista facilmente como um símbolo perfeito dos paradoxos do comunismo soviético: durante o baile, um celeiro local pega fogo e os bombeiros correm para lá. Mas o caminhão atola e fica preso na neve; ao chegarem, o celeiro já está envolto pelas labaredas,e, quando o fazendeiro reclama que está com frio, os bombeiros fazem o que pode: deslocam sua cadeira para perto das chamas.


O filme segue um padrão bastante comum na Europa Oriental à época: pequenas histórias humanas simulavam uma parte da vida, mas na verdade eram parábolas sutis sobre o restritivo sistema soviético. Os roteiros precisavam ser aprovados pela censura, porém entre a aprovação e a estréia muitas mudanças ocorriam e no caso de O baile dos bombeiros isso foi quase fatal. O filme era co-financiado pelo produtor italiano Carlo Ponti, mas depois que as autoridades tchecas retiraram a aprovação, Ponti desistiu do apoio e só a intervenção do diretor francês François Truffaut salvou o filme e lhe conseguiu distribuição internacional.


O baile dos bombeiros é um filme datado? Como tantos outros filmes do bloco soviético realizado nas décadas de 1960 e 1970, este não conta mais com a energia extraída do risco que correu. Naquele tempo, qualquer filme oriundo da Polônia, da Hungria, da Iugoslávia ou, em particular, da Tchecoslováquia, provavelmente seria um ataque velado, enfeitado com o glamour do perigo. porém, como entretenimento, O baile dos bombeiros não é datado; Forman não promove seus pontos de vista políticos, contenta-se em permitir que aflorem elegantemente a partir do drama humano. Como parábola é atemporal, relevante em muitas épocas e em muitas terras.






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